Artigo: O que os presidenciáveis não debatem

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Por Fabrício Zanini*

A corrida eleitoral já começou e promete ser acompanhada de perto pelos brasileiros. Nos últimos anos, política passou a ser assunto abordado nas mais diversas rodas de conversa: se antes o tema era considerado indiscutível, assim como futebol e religião, agora, ele tem se tornado público, imprescindível e um reflexo das preocupações com a economia, com a crise enfrentada pelo país nos últimos anos e com as consequências do combate à corrupção. Essa recente politização é o início do que pode ajudar na transformação da máquina pública, fazendo com que a corrupção possa fazer parte do passado, em vez de ser uma constante que incomoda, mas que ninguém faz nada a respeito.
Uma das formas de entender as propostas dos presidenciáveis é acompanhar os debates, que devem se tornar constantes e apresentam de forma resumida os programas de governo (estes que não seguem um padrão e estão dispostos em documentos que contêm de cinco a 228 páginas), com metas, promessas e o que é considerado importante pelos candidatos. Entretanto, ao analisar as discussões públicas que aconteceram até o momento, um tema tão importante para a sociedade, que é foco de praticamente todos os setores de peso do país, ainda não foi abordado: tecnologia. E vamos ser mais específicos: tecnologia para tornar as cidades inteligentes, otimizando a estrutura para agilizar, reduzir e ampliar o acesso dos cidadãos aos principais serviços públicos.
O tema também não é muito tratado pelos programas de governo. Quando é mencionado, tem grande foco no desenvolvimento industrial brasileiro e na aplicação da tecnologia para a indústria 4.0. Um ou outro candidato ainda comenta sobre a necessidade de centralização dos dados do Sistema Único de Saúde, ou ainda sobre a integração de informações, mas a tecnologia acaba sendo subvalorizada como estratégia para revolucionar os Estados e Municípios. No entanto, sabemos que as cidades mais inteligentes do mundo têm em comum o uso de recursos inovadores para uma gestão mais eficiente, sem necessariamente terem que aumentar a sua infraestrutura. Trata-se, também, de encontrar pontos de melhoria no que já existe e investir corretamente, conseguindo, sim, fazer mais com menos.
Lógico que, em sua imensidão e diferenças de desenvolvimento entre regiões, o Brasil ainda demanda investimento em setores básicos, como educação, saúde, transportes e emprego. Mas a otimização do que já existe pode transformar as cidades e seus cidadãos: transporte público integrado e que atenda às necessidades da população, com incentivo ao uso de bicicletas e outras alternativas sustentáveis; acesso digital aos principais serviços para a população, automatizando demandas e agilizando processos; melhor aproveitamento de estruturas públicas, com espaços adaptados para as necessidades atuais, com redução dos custos com infraestrutura; incentivo à obtenção de energias renováveis, tornando os locais autossuficientes para o abastecimento de energia elétrica; entre outras tantas iniciativas que poderiam simplesmente melhorar o país com o que já se tem.
A busca pela sustentabilidade é algo que podemos destacar sobre a importância da tecnologia e das cidades inteligentes. Mais do que isso, trata-se de ter a qualidade de vida como um ponto importante no processo de desenvolvimento do país, gerando o que, particularmente, deveria ser uma das prioridades máximas de qualquer um que deseja estar à frente do Brasil: proporcionar ao cidadão formas de viver bem, enquanto se preserva e já prepara o terreno para as gerações futuras.
* Fabrício Zanini é diretor-presidente do Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).

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