Por Diego Denck
Em 2022, os brasileiros compraram 58,6 milhões de livros, 1,7 milhão a mais do que no ano anterior (+2,98%), segundo dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). Isso fez o faturamento do mercado editorial nacional subir 2,54% no mesmo período, já descontando a inflação.
Isso mostra que os hábitos de consumo de leitura seguem refletindo as variações da economia. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro, mostra que as preferências nacionais são por livros de não ficção (54%), de autores masculinos (62%) e brasileiros (55%). Os escritores mais citados foram Machado de Assis, Monteiro Lobato e Paulo Coelho.
Neste ano, o mercado editorial brasileiro se mostra promissor. No primeiro trimestre de 2023, as vendas subiram 4,2% em relação ao primeiro tri de 2022. O crescimento é impulsionado pelas vendas digitais, que cresceram 8,1% no mesmo período. Vale destacar que a qualidade gráfica dos materiais impressos tem sido um dos fatores determinantes para o aumento das vendas, juntamente com o lançamento de novos produtos com apelo mais comercial.
Tendências do mercado editorial brasileiro
Assuntos que estão em alta na sociedade estão apresentando melhor desempenho comercial em livrarias pelo país. Temas como diversidade, inclusão, sustentabilidade e meio ambiente têm ganhado destaque. Além disso, as editoras estão investindo em tecnologias ecologicamente corretas para a confecção dos livros.
Outra tendência é a autopublicação. Cada vez mais, autores nacionais estão buscando plataformas independentes para publicar suas obras. Assim, eles evitam as barreiras das editoras que podem dificultar a publicação de autores menos conhecidos dos consumidores.
Entre os itens de não ficção, as biografias e os livros de memórias devem continuar em alta nos próximos meses. “O Que Sobra”, do príncipe Harry, “Pageboy: Memórias”, do ator Elliot Page, e “Rita Lee: Outra autobiografia”, lançada logo após a morte da cantora, são exemplos de obras de não ficção que chamaram a atenção no primeiro semestre de 2023.
5 livros para ler em 2023
1. “Dor Fantasma” – Rafael Gallo
Vencedor do Prêmio Literário José Saramago 2022, um dos mais importantes da língua portuguesa, o livro narra a história de um pianista obcecado pela perfeição e que precisa confrontar suas escolhas após um acidente.
2. “A Mandíbula de Caim” – Edward Powys Mathers
Lançado em 1934, o livro continua encantando gerações até hoje. Nos últimos meses, foi potencializado pelo TikTok, no qual se tornou febre entre os usuários que buscam decifrar os enigmas do romance policial escrito em formato de quebra-cabeça. São seis assassinatos que ocorrem em 100 páginas impressas de forma aleatória – é preciso colocá-las em ordem para a história fazer sentido.
3. “Salvar o Fogo” – Itamar Vieira Junior
Depois do sucesso estrondoso de “Torto Arado”, seu livro de estreia, Itamar Vieira Junior aborda temas como origens afro-indígenas, religião e família em seu novo livro. “Salvar o Fogo” chegou em 2023 registrando uma pré-venda de mais de 37 mil exemplares.
4. “O Som do Rugido da Onça” – Micheliny Verunschk
Vencedor do Prêmio Jabuti 2022, o mais tradicional da literatura brasileira, o livro da pernambucana Micheliny Verunschk mistura poesia, romance e jornalismo para falar das mazelas sofridas pelos povos indígenas no Brasil.
5. “Rita Lee: Outra Autobiografia” – Rita Lee
Depois de “Rita Lee: Uma Autobiografia”, lançado em 2016, a cantora narra seu dia a dia após a descoberta do câncer de pulmão em 2021. Rita mergulha em sentimentos e decisões de vida em mais um relato sincero, irônico e chocante em diferentes momentos.
*Diego Denck é coordenador de conteúdo digital na Central Press e produz materiais sobre comunicação corporativa e tecnologia.