Por Carlos Longo, pró-reitor acadêmico da Universidade Positivo e diretor da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed) e Leandro Henrique de Souza, professor e coordenador-geral da Pós-Graduação e Extensão da Universidade Positivo
Vivemos a era da disrupção, na qual modelos convencionais de negócios estão sendo desconstruídos. Em conformidade aos novos padrões de comportamentos sociais, presenciamos a implementação, numa velocidade impressionante, de novas formas e padrões de produtos e serviços, com adesão quase instantânea dos consumidores e, muitas vezes, resistência de governos e mercados.
A chamada economia compartilhada é uma nova forma de se relacionar com um mercado complexo e pujante – e de solucionar grandes demandas da sociedade por equidade, acessibilidade e qualidade, com preços mais justos. Aplicativos, redes sociais, buscadores, smartphones, entre outras tecnologias exponenciais, se transformam em meios para essa verdadeira revolução social do novo capitalismo, que vivenciamos no seu despertar.
Projeções internacionais estimam que, em 2030, teremos 430 milhões de ingressantes na Educação Superior, em todo o mundo. Para atender a essa demanda no formato atual, não haveria nem tempo e nem recursos orçamentários para formar docentes, construir prédios, disponibilidade de equipamentos, etc. Só no Brasil, temos hoje aproximadamente 7 milhões de alunos matriculados no ensino superior – e a meta para 2020 é de 15 milhões. Porém, nos grandes centros urbanos, temos mais de 25 milhões de adultos entre 25 e 45 anos sem ensino superior e uma demanda crescente de mão de obra qualificada, mesmo em cenário econômico recessivo.
Pesquisas entre alunos de educação superior na Europa mostram que, na percepção dos estudantes, 40% das horas em sala de aula são transmissão de informações que podem ser acessadas em um clique nos computadores, tablets ou smartphones. O conhecimento – que é difuso e está a cada dia mais disperso – agora tem mecanismos mais fáceis, rápidos e baratos para se acessar.
A demanda para a “disruptura” na Educação Superior é emergente. Novos provedores de ensino, sociedade, governos e mercado necessitam de um modelo educacional mais conectado aos desafios contemporâneos. Emergem no mundo novas formas de distribuição de ensino, metodologias e modelos de ensino e aprendizagem como MOOCS, adaptative learning, metodologias ativas, entre outros. Universidades precisam rever seu papel e retomar o protagonismo dessa discussão. Porém, para isso, terão que sair de sua zona de conforto e buscar mudanças e inovações “disruptivas” do seu modelo milenar de ensino e aprendizado.
Buscando construir um processo de ensino e aprendizado em conformidade com os desafios de um mundo em transformações, instituições do mundo inteiro estão se movimentando com a criação de programas híbridos, chamados de semipresenciais, que usam metodologias ativas para dar valor maior à experimentação e às trocas de conhecimento na sala de aula – e utilizam os Ambientes Virtuais de Aprendizagem para disseminação de informação. Serão bem-sucedidas as universidades que souberem criar caminhos que permitam atender com mais eficiência às necessidades dos alunos e da sociedade atual. Um pensamento simples mas, ao mesmo tempo, um desafio enorme e complexo para um setor que se mantém num formato tradicional há séculos.