Por Raphael Cordeiro, consultor de investimentos, sócio da Inva Capital, coordenador do curso de EAD em Finanças Pessoais da Universidade Positivo e autor do livro “O Sovina e o Perdulário”
O Brasil passa por seu pior momento econômico desde o início dos anos 1990 (e talvez desde 1932, quando, pela última vez, apresentou queda no PIB por dois anos consecutivos). Nossos cenários trabalham com duas opções para a volta do crescimento: a partir do segundo semestre de 2017 ou o de 2018. Considerando que a economia começou a recuar em meados de 2014, atualmente estamos no meio desse período de depressão.
O início de 2016 não foi muito animador, mercados de ações (Ibovespa) e de fundos imobiliários (IFIX) recuaram 6,79% e 6,17%, respectivamente. Apesar disso, acredito que a hora de manter baixa alocação em ativos de maior risco pode estar ficando para trás. Os investidores de imóveis precisarão ter mais paciência, pois a recuperação acontecerá depois do mercado de ações.
O preço dos imóveis novos vendidos na cidade de São Paulo recuou, ao longo dos últimos dois anos, 11,5% em termos nominais e 24,7% em termos reais (descontando-se a inflação). Apesar das vendas terem parado de cair, o índice VSO (Venda Sobre Oferta) de doze meses bateu novo recorde de mínima em novembro do ano passado, alcançando os míseros 5,8% – e deve piorar ainda mais nos próximos meses.
No passado recente, muito se discutiu se havia ou não bolha no mercado imobiliário. Discussão esta, bastante inútil, pois ela serve apenas para inflar o ego dos interlocutores. O que interessa é que quem investiu em imóveis nos últimos anos teve (ou está tendo) enorme dificuldade para apurar rendimentos atrativos. No mercado de locação, a situação não é muito melhor e, infelizmente, os investidores de fundos imobiliários também passam por problemas com o aumento da vacância, inadimplência e devolução antecipada dos imóveis. Enquanto a economia não voltar a crescer será difícil os rendimentos dos fundos imobiliários subirem – por essa razão, suas cotas têm se desvalorizado.
Ainda está difícil de ver uma luz no fim do túnel, porém há chances de termos passado do meio dessa jornada. A recuperação do mercado de ações deve vir antes do mercado imobiliário e mais importante do que a economia melhorar, a confiança dos empresários e do consumidor precisar evoluir – estamos de olho nesta luz.