Por Izabella Milléo Bini, gestora do Ensino Médio do Colégio Positivo – Ângelo Sampaio, de Curitiba (PR)
Em países que hoje são modelo em educação, como a Finlândia, Irlanda, Coreia do Sul e Chile, os estudantes passam o dia todo na escola – em média, nove horas. O Brasil caminha lentamente nessa mesma direção que visa, por meio da educação, acelerar o desenvolvimento do país. Nos últimos anos, um movimento em busca da educação integral vem ganhando força nas redes públicas por meio de programas estaduais de estímulo à ampliação da jornada. O programa Mais Educação, do governo federal, prevê inclusive acréscimo de repasses para a implantação de uma jornada mínima de sete horas. De acordo com o Censo Escolar, em 2014 havia 4,37 milhões de matrículas no ensino fundamental em tempo integral, o que corresponde a 15,3% do total. Para atingir a meta do Plano Nacional de Educação, será necessário garantir nos 10 anos de validade do plano, até 2024, mais 24,09 milhões de matrículas. Ou seja, mais 2,409 milhões de matrículas por ano.
Os benefícios do ensino integral são muito maiores que as desvantagens. Um estudo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira revela que mais tempo na escola pode garantir melhor aproveitamento nas disciplinas regulares: a cada hora adicional de estudo, o desempenho dos alunos no Sistema de Avaliação da Educação Básica aumenta 2,5 pontos percentuais, em uma escala que vai de 0 a 500. A chance de melhora no rendimento aumenta porque o estudante está o tempo todo em contato com os livros. Ao se habituar a essa rotina, facilita também o aprendizado em sala de aula, pois quando as dúvidas surgem, a escola oferece profissionais especializados para saná-las naquele momento, sem que o estudante precise esperar pelo retorno à escola no dia seguinte.
Além disso, a rotina de crianças e adolescentes que estudam apenas meio período pode ser sufocante para pais e mães que trabalham fora o dia inteiro e acabam tendo que se desdobrar para levar os filhos em todas as atividades necessárias para o seu desenvolvimento. Com o mercado exigindo dos pais dedicação total ao expediente de trabalho, o ensino integral surgiu como alternativa para que os filhos permaneçam em ambiente seguro e aproveitem a maior parte do tempo em atividades que estimulam o desenvolvimento educacional e cultural.
Os pais também ganham um aliado no monitoramento dos estudos e na correta administração do tempo ocioso dos filhos. Os alunos não ficam apenas à mercê de atividades sem direcionamento, como televisão, vídeo game e conversas pelo celular. O tempo de permanência prolongado obriga ainda a um planejamento voltado para a alimentação, com um cardápio criado por profissionais da área de nutrição, responsáveis por elaborar uma dieta saudável e equilibrada. Para quem estuda em período integral, a volta para casa representa para pais e filhos novos cenários de vida familiar. Com os estudos e outras atividades concluídas durante a manhã e a tarde, ganha-se mais tempo para estimular a qualidade de convivência entre todos da família, com pais e filhos podendo planejar da melhor forma possível suas horas em comum.