Artigo: Quadrilha sem fim

Por Daniel Medeiros, Doutor em Educação pela UFPR e professor de História do Brasil no Curso Positivo

BALANCÊ
Era 1996, véspera de São João, as quadrilhas em ponto de bala para  o início da festança. Em Guaxuma, na orla norte de Maceió, em sua casa de veraneio, o chefe de outra quadrilha morre com um tiro no peito. Quatro dias depois, estaria PC Farias na CPI das empreiteiras dando um testemunho que, para o submundo da corrupção oficial, seria um verdadeiro rojão. Nunca se soube, exatamente, quem deu a ordem do disparo.
RETURNÊ
PC Farias foi o tesoureiro da campanha de Collor de Melo, o aventureiro alagoano que, com apoio das mídias nacionais, conseguiu frear o ímpeto do “sapo barbudo” Lula, impondo-lhe uma derrota no segundo turno e evitando a saída de 800 mil empresário do país,  como disse, na época, o presidente  da Federação das Indústrias de São Paulo, Mario Amato. PC Faria foi também, o operador master  das propinas pagas por empreiteiras para o caixa dois da campanha e para as despesas pessoais do presidente – como a reforma de sua mansão em Brasília – e administrador das sobras de campanha, albergadas em paraísos fiscais. Um Sancho Pança de um Quixote tupiniquim, destemperados ambos, a assaltarem os moinhos de vento da frágil democracia brasileira, com sua imprensa leniente e uma sociedade ainda atordoada pelas décadas de ditadura e crise econômica.
TOUR
O governo Collor naufragou quando deixou claro aos seus aliados que sua sede e fome de poder tinham endereços privados e mesquinhos demais e que sua incapacidade de consolidar uma máquina azeitada e benéfica para todos era precária. Sem apoio parlamentar, após um desastroso plano de contenção da inflação, a mídia começa a virar o jogo, na mesma medida em que a sociedade retoma o grito das Diretas Já, agora sob nova direção: impeachment!
Collor cai, PC Farias é condenado por sonegação fiscal, cumpre pena em regime aberto, sente-se abandonado por todos e, cada vez mais irritado com a perda de influência, prestígio e adulações, ameaça estragar a festa dos que saltaram de banda, incólumes, da enxurrada democrática que varreu (temporariamente) os vendilhões do templo de Brasília. E então morreu. Há vinte anos. A festa acabou, a luz apagou ,o povo sumiu, a noite esfriou… Monta a fogueira de novo! É tempo de mais festança!
ANAVAN
Hoje, a quadrilha continua. Marcado por emoções desvairadas, torcidas enlouquecidas, amores e ódios desmedidos, o país marcha, avante, em outro mês de junho, outros escândalos, outro impeachment, outra vez as empreiteiras, outros tesoureiros presos, outras mortes sem solução – Celso Daniel , lembram? – tendo como protagonistas, agora, muitos dos que apontaram o dedo para Collor e PC e que, enfim, parece que o que queriam era apenas tomar-lhes o lugar na grande operação de esbulho que não para, contínua e metodicamente, como festa em mês de junho, como uma dança de cadeiras onde só quem não entrou ainda na história não foi L. Pinto Fernandes, o marido de Lili. Foi a Verdade. Ou a Justiça. Ou, simplesmente, a vergonha na cara.

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