Câncer de mama: mulheres adiam diagnóstico e números de mastectomia crescem

Pacientes estão chegando com tumores maiores nas cirurgias. Essa é uma constatação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e a explicação está na redução do número de mamografias e procedimentos realizados nos dois anos da pandemia da covid-19 no Brasil. Assim como em outros casos de câncer, a gravidade da doença aumenta proporcionalmente à demora do diagnóstico, assim como o tratamento fica mais agressivo e o risco de morte aumenta. Para se ter uma ideia, no caso do câncer de mama, esse atraso induz à mastectomia em 70% dos casos.

O cirurgião plástico do Hospital Marcelino Champagnat, Alfredo Duarte, explica que muitos pacientes que teriam inicialmente a indicação apenas de uma ressecção pequena da lesão ou da retirada da glândula, sem envolver pele e auréola, tiveram que retirar mais tecido e fazer a radioterapia, o que impacta diretamente no resultado estético e na recuperação. “A retirada da mama é sempre uma decisão difícil para mulher, mas, em alguns casos, não tem como evitar. Quando a mama é pequena em relação ao tumor e os nódulos estão em vários quadrantes, ou o histórico familiar e o risco genético indicam maiores chances dos riscos de câncer, essa acaba sendo a melhor alternativa. E isso tem mais probabilidade de acontecer com o diagnóstico tardio”, relata.

A busca pela reconstrução da autoestima

E aí entra um outro ponto crítico desse processo: a reconstrução da mama. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) tem um estudo que indica: em uma década foram realizadas 110 mil mastectomias no país, dessas, apenas 25 mil mulheres fizeram a reconstrução mamária. Isso se deve ao baixo número de cirurgias oferecidas e pela dificuldade da realização do procedimento em alguns casos.

“A reconstrução não é um processo fácil. Com o diagnóstico tardio, não conseguimos apenas inserir a prótese. Isso aumenta a necessidade do tratamento com a prótese expansora, que permite mudar seu tamanho com a inserção do soro fisiológico. Assim, conseguimos mais pele para a colocação do silicone. Depois disso, é necessária mais uma cirurgia para finalizar a reconstrução”, conta o cirurgião. “Nos casos mais radicais, é preciso de retalhos de pele que normalmente são retirados do abdômen e costas. Não é um processo fácil, mas está longe de ser uma questão meramente estética. Com o procedimento, conseguimos melhorar a autoestima dessas mulheres”, complementa.

A mastologista do Instituto Oncológico do Paraná (IOP), Karina Furlan, ressalta que a mamografia e o autoexame das mamas são fundamentais para mulheres acima dos 40 anos. “Quando o diagnóstico de câncer é realizado precocemente, cirurgias menos invasivas, como a cirurgia conservadora, são indicadas, e assim é possível preservar a mama, sem a necessidade de se realizar a mastectomia. Porém, cada caso deve ser analisado individualmente, pois nem todos são iguais”, explica. A médica também destaca que em mulheres com mamas pequenas, porém, com tumores grandes, a mastectomia acaba sendo uma opção.

Share:

Latest posts

Crédito: divulgação
Orquestra Infantil Alegro promove concerto de Natal gratuito para 2.400 pessoas em Curitiba
Créditos: divulgação
Jão, CPM 22, Jorge Aragão e espetáculos de Natal são destaques na agenda de dezembro do Teatro Positivo
Crédito: divulgação
Alunos do Passo Certo trazem medalhas da Olimpíada de Matemática para Cascavel

Sign up for our newsletter

Acompanhe nossas redes

related articles

Crédito: divulgação
Orquestra Infantil Alegro promove concerto de Natal gratuito para 2.400 pessoas em Curitiba
Natal Alegro acontece dia 9 de dezembro no Teatro Positivo, com músicas de artistas consagrados A Orquestra...
Saiba mais >
Créditos: divulgação
Jão, CPM 22, Jorge Aragão e espetáculos de Natal são destaques na agenda de dezembro do Teatro Positivo
Gala com Frank Sinatra, Orquestra Infantil Alegro, ilusionista Kieram Ecttori e humorista Afonso Padilha...
Saiba mais >
Crédito: divulgação
Alunos do Passo Certo trazem medalhas da Olimpíada de Matemática para Cascavel
Os estudantes Lorenzo Bortolossi Reese Righetti, Rafael Lins Militão e Fernando Gulgiermin, do Passo...
Saiba mais >
Crédito: divulgação
Olimpíada de Matemática da UFPR premia mais de 200 estudantes
Medalha de ouro ainda não concluiu o Ensino Fundamental A edição 2024 da Olimpíada Paranaense de Matemática...
Saiba mais >