Por Claudia Piantini*
Você já se perguntou, ao se olhar no espelho antes de uma reunião, o que a sua roupa está comunicando? E mais: será que a imagem que você está projetando tem coerência com quem você realmente é — e, sobretudo, com quem você quer ser percebido?
Tenho observado um fenômeno recorrente entre executivos na faixa dos 45 aos 55 anos: um certo desconforto com a transição de estilo nesta etapa da vida. Muitos não percebem, mas o guarda-roupa, nesse período, torna-se um dos maiores “pontos cegos” na gestão da reputação pessoal.
No esforço de parecer atual, é fácil errar a mão. Vejo CEOs, diretores e sócios-fundadores exagerando em um visual jovem demais: jeans rasgados, camisetas com frases “engraçadinhas”, tênis esportivos coloridos, jaquetas justas ou descoladas em excesso — uma tentativa de dialogar com as gerações mais novas. Por outro lado, vejo também executivos que se escondem atrás de roupas ultrapassadas, desalinhadas com o espírito do tempo, transmitindo uma imagem de obsolescência.
Nos dois casos, o risco é o mesmo: ruído na comunicação não verbal. A audiência — sejam pares, colaboradores, investidores ou o mercado — percebe quando há uma dissonância entre imagem, identidade e contexto. E essa dissonância mina a credibilidade.
Vivemos em uma era de hiperexposição visual. As redes sociais, as câmeras em reuniões virtuais, as fotos de eventos corporativos fazem com que a imagem pessoal se torne parte indissociável da reputação profissional. Você não está apenas vestindo uma calça ou um blazer — está construindo um discurso visual.
E o que o seu guarda-roupa está dizendo?
Será que comunica segurança, solidez, inteligência estética e autoridade? Ou transmite ansiedade, vaidade mal disfarçada, apego ao passado ou, pior ainda, tentativa de ser algo que não é?
O guarda-roupa da meia-idade profissional deveria refletir o equilíbrio entre maturidade e contemporaneidade. Atualizar-se não significa aderir a todas as tendências, mas incorporar elementos que mostram que você é um profissional que acompanha seu tempo — com elegância e autenticidade. Em outras palavras: você não precisa parecer jovem. Precisa parecer atual.
O que isso significa na prática?
- – Peças de excelente corte, com caimento impecável.
- – Materiais de alta qualidade.
- – Uso inteligente de acessórios — relógios, óculos, calçados — que expressem personalidade.
- – Atualização discreta, pontual e coerente com o estilo pessoal.
Um guarda-roupa que converse com seu momento de vida e com seu posicionamento profissional.
Acima de tudo, o estilo precisa ser genuíno, confortável — não no sentido físico, mas no emocional. A roupa certa é aquela que permite que você se mova no mundo com segurança e coerência, sem parecer que está forçando uma narrativa.
Como costumo dizer aos meus clientes: uma imagem vale mais do que mil palavras — mas, se não for cuidadosamente pensada, pode dizer as palavras erradas. Cuidar da imagem pessoal é cuidar da marca que você representa. Não negligencie esse detalhe. Ele fala por você — mesmo quando você não diz uma palavra.
*Claudia Piantini é especialista em imagem não-verbal, personal branding e antropologia.