Clubes recorrem à criatividade para driblar a crise no patrocínio esportivo brasileiro

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Parceria firmada entre Curitiba Vôlei e Universidade Positivo ilustra a importância de buscar soluções inovadoras para o esporte de alto rendimento

Estima-se que o patrocínio esportivo no Brasil movimentou R$ 34 bilhões em 2017 – e respondeu pelo emprego de 320 mil pessoas, segundo pesquisa realizada pela ESPM. Não há uma associação ou entidade que reúna dados do setor, o que faz com que as projeções sejam variáveis. Os levantamentos mostram um cenário positivo, mas, na prática, clubes precisam buscar soluções para a falta de dinheiro.
Nos últimos anos, a falta de uma cultura de patrocínio esportivo aliada ao cenário econômico desfavorável tornou essa realidade ainda mais difícil, especialmente nos esportes fora do futebol. Os investimentos nessa área costumam seguir a lógica do mercado: se as tendências são favoráveis, os aportes também. Se a situação econômica é ruim, os investimentos são cancelados.
Esperava-se uma mudança de patamar neste contexto após a realização de eventos globais no país, como a Copa do Mundo de 2014, os Jogos Olímpicos de 2016 e até mesmo as finais da Liga Mundial de Vôlei, em 2017. No entanto, a realidade ainda está longe do que é visto nos EUA. Em termos porcentuais, os dados indicam que o Brasil já chegou a média de investimento americana, de 2,1% do PIB, mas a diferença cultural representa um abismo difícil de superar no curto prazo.
Um levantamento, feito em uma parceria entre a Portas (consultoria com foco em esportes) e a Sportpar (empresa de investimentos e gestão de ativos em esportes), indica aportes de R$ 3 bilhões por ano, levando em conta apenas os investimentos de 27 grandes empresas – desconsiderando as médias e as pequenas. O estudo também prevê crescimento de 10% nos valores de patrocínios para os próximos anos.
Enquanto isso não acontece, a parceria entre a Universidade Positivo (UP) e o Curitiba Vôlei, único representante do Paraná a disputar a elite da Superliga Feminina em 2018, mostra uma maneira criativa de valorizar o esporte e suprir parte dos R$ 3 a R$ 3,5 milhões investidos pelo clube em uma temporada.
 
Uma relação ganha-ganha
O Curitiba Vôlei vai usar a infraestrutura e serviços da instituição (ginásio, academia, salas de aula, quadras, clínicas e auditórios) e o suporte de profissionais e estudantes de fisioterapia, educação física, medicina, nutrição, psicologia, além do departamento de TI, que vai implantar um sistema de monitoramento de dados para treinos e jogos. Na avaliação do técnico do Curitiba Vôlei, Clésio Prado, a parceria entre UP e Curitiba Vôlei é um exemplo de relação ganha-ganha. “O momento econômico do país faz com que seja necessário buscar alternativas. Essa relação vai fortalecer o Curitiba Vôlei como uma empresa”, diz. Enquanto o clube se beneficia da infraestrutura, a instituição pode aproveitar a proximidade do esporte profissional em seu campus para realizar estudos e atividades nas mais diversas áreas.
De acordo com Prado, os principais custos para a manutenção de uma equipe são os salários de jogadores e da comissão técnica – levando em conta a estrutura de apoio aos atletas que precisa ser montada –, assim como a logística. “A área médica, de fisioterapia, psicológica e nutricional demanda muitos custos, algo em torno de 30 a 40% do total. Nosso orçamento é baixo para a realidade da Super Liga Feminina, pois as equipes com investimentos mais densos atingem cerca de R$ 15 milhões para uma temporada”, diz o técnico.
“Como o projeto está no início, ainda não conseguimos mensurar todas as vantagens deste modelo de patrocínio da universidade, mas é um incentivo à profissionalização e à competitividade”, acrescenta o treinador. Ele estima também que só em alimentação e suplementos, o custo por temporada seja de R$ 200 mil.
 
Falta de cultura e má gestão afastam empresas
Historicamente, as universidades foram – e continuam sendo – a porta de entrada para muitos esportes profissionais nos Estados Unidos, como acontece nas ligas de Baseball, Basquete e Futebol Americano. No Brasil, por outro lado, essa cultura veio por meio dos clubes. “Nos EUA, não há como dissociar a academia do esporte, com um componente do profissionalismo. Qual o problema de ter o embrião no clube? Eles não eram regidos de forma profissional, tendo o cartola como uma figura importante. As mudanças no sentido da profissionalização vieram pelo cunho econômico”, compara o professor de Marketing Esportivo da UP, Sérgio Czajkowski Júnior.
Segundo Czajkowski, as próprias instituições esportivas têm papel preponderante para a mudança deste patamar, fazendo com que os patrocínios no país sigam uma tendência de crescimento global na ordem de 3% a 5%. “Os grandes patrocinadores exigem um plano de negócios, com uma gestão baseada em metas, cronogramas de atividades de curto, médio e longo prazo. Caso contrário, as empresas não conseguem equalizar uma relação vantajosa”, ressalta o professor.
Nesse contexto, Prado ressalta que o Curitiba Vôlei está elaborando estratégias pensando não apenas na temporada competitiva, mas em um calendário completo, com ações sociais e participações em eventos. O fato de estar dentro de uma universidade simplifica esta tarefa e aproxima da realidade americana. “Precisamos trabalhar os conceitos de educação e esporte universitário, fortalecendo o desporto escolar e essa cadeia. As crianças e os jovens devem almejar estar na universidade e competir por ela para chegar ao esporte profissional”, diz.
Vôlei em Curitiba
Depois do sucesso do Rexona em Curitiba, no fim da década de 1990, a capital paranaense conta com uma equipe na elite do vôlei feminino depois de 15 anos. O Curitiba Vôlei surgiu em agosto de 2016 e, desde então, é apadrinhado por Giba, considerado um dos maiores jogadores da história do vôlei, e pela ex-tenista profissional Gisele Miró. Desde o início, o projeto está sob o comando técnico de Clésio Prado e a liderança dentro de quadra da experiente Valeskinha, campeã olímpica em Pequim (2008) com a Seleção Brasileira – e que jogou na equipe do Rexona, nos tempos de ouro do Ginásio do Tarumã. Além disso, a assistente técnica continua sendo Tatiana Ribas, que trabalhou durante muito tempo com Bernardinho.
 
Sobre a Universidade Positivo
A Universidade Positivo concentra, na Educação Superior, a experiência educacional de mais de quatro décadas do Grupo Positivo. A instituição teve origem em 1988 com as Faculdades Positivo, que, dez anos depois, foram transformadas no Centro Universitário Positivo (UnicenP). Em 2008, foi autorizada pelo Ministério da Educação a ser transformada em Universidade. Atualmente, oferece 61 cursos de Graduação presenciais, três programas de Doutorado, quatro programas de Mestrado, mais de 150 programas de Especialização e MBA, cinco cursos de idiomas e dezenas de programas de Extensão. A UP conta com sete unidades em Curitiba, uma unidade em Londrina (PR), uma unidade em Joinville (SC), além de polos de Educação à Distância (EAD) em mais de 30 cidades espalhadas pelo Brasil. É considerada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), a melhor universidade privada do Paraná, pelo sexto ano consecutivo.
 

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