Com início do inverno, plantio de cevada se torna alternativa lucrativa para agricultores dos Campos Gerais

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Líder na produção de malte, Paraná vai contar com nova fábrica em 2023, o que deve gerar mais de mil empregos na Região

O período de baixas temperaturas no Sul do País marca a fase de plantio de cevada, cultura tipicamente de inverno utilizada como alternativa nas lavouras nesta época do ano. Essa, no entanto, é a primeira fase rumo ao longo caminho da colheita, que deve ocorrer em meados de outubro. A produção brasileira do grão está concentrada na Região Sul, sendo o Paraná o maior produtor nacional de cevada, com cerca de 60% da produção nacional, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. Não por acaso, produtores e indústrias paranaenses investem cada vez mais no setor.

Prova disso é o anúncio da construção de uma nova maltaria que entrará em operação em 2023 na cidade de Ponta Grossa, na Região dos Campos Gerais. O projeto – uma parceria entre as cooperativas Agrária (Guarapuava), Bom Jesus (Lapa), Coopagrícola (Ponta Grossa) e a Unium, marca institucional das indústrias das cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal – tem previsão de investimento de R$ 1,5 bilhão e deve gerar mais de mil empregos.

Segundo o superintendente da Frísia, Mario Dykstra, ao longo dos anos, a cooperativa vem buscando alternativas para que os cooperados tenham fontes de diversificação de renda, com culturas que rentabilizem neste período de baixas temperaturas, entre elas, a cevada. “Apesar da importância da cevada ter aumentado nos últimos anos, a área plantada ainda é pequena, visto o potencial de cultivo de aproximadamente 100 mil hectares na área de atuação da Cooperativa Frísia”, explica. A expectativa é de que a fábrica tenha uma produção anual de 240 mil toneladas de malte, volume que hoje corresponde a 15% do mercado nacional.

Em função dessa parceria entre as cooperativas, bem como da união das pesquisas da Fapa (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária) e a Fundação ABC, a área de cultivo da cevada logo ganhou notoriedade e passou a crescer a cada ano. Esse, portanto, foi o cenário decisivo para a implantação da maltaria na Região dos Campos Gerais, fruto da intercooperação entre Agrária, Unium, Coopagrícola e Bom Jesus. “Com essa nova unidade, é consenso que haverá novos postos de trabalho na região, além de aumentar o potencial de rentabilidade dos nossos cooperados, chegando a beneficiar 12 mil integrantes do sistema”.

Ainda de acordo com o diretor, as áreas já plantadas no estado apresentam boas condições de desenvolvimento e sanidade, resultado da satisfatória distribuição de chuvas até o momento. “As condições gerais são prenúncio de uma boa colheita no Paraná, porém, como ocorre em todas as atividades dentro da agricultura, dependemos da continuidade da regularidade tanto da chuva quanto da temperatura para que tenhamos uma boa safra”, salienta. O ano de 2020 foi desafiador para a cultura da cevada, mas as perspectivas da safra para este ano apontam para um crescimento de 30% em relação ao ano passado, graças ao aumento de áreas plantadas e da produtividade.

A cevada

O agrônomo William Nolte comenta que a cevada tem um potencial de produtividade maior que outras culturas de inverno, porém, é mais exigente em termos, principalmente, de fertilidade do solo e cuidados fitossanitários. “Nos últimos anos, o fomento da indústria juntamente com a cooperativa, somado ao lançamento de novos genótipos da cevada, favoreceu para que a área aumentasse de forma significativa. Produtores que não tinham a cevada como opção de cultura no inverno, passaram a acreditar no potencial e a incluí-la no sistema de rotação de cultura”, constata Nolte. Ele acrescenta que, nos últimos 10 anos, a produtividade da cevada mostrou crescimento entre 10% e 15% nas áreas da cooperativa.

Para o agrônomo, além de incentivar o aumento da produção, a maltaria deve trazer maior segurança para os produtores, sobretudo, em maior liquidez na comercialização. “A cevada é uma ótima opção de cultura no inverno e pode ser rotacionada juntamente com o trigo e demais culturas. Isso traz uma alternativa a mais para o produtor e uma possibilidade de aumentar sua renda nesse período.” Atualmente, duas das maiores cervejarias brasileiras estão instaladas na região e o mercado de cerveja artesanal vem crescendo em todo o País. “Certamente, a instalação da maltaria vai favorecer muito a sinergia entre a produção no campo e a fabricação, garantindo uma matéria-prima de qualidade.”

A visão do cooperado

Henk e Vitor Salomons, pai e filho, planejam aumentar ainda mais o plantio de cevada nas propriedades da família. “Este é o sexto ano que plantamos a cultura no inverno, que tem se apresentado como uma alternativa melhor que o trigo. As vantagens têm sido constatadas, principalmente, na produtividade, na menor quantidade de doenças e melhoria da qualidade do solo, pois deixa mais palha”, enumeram os cooperados da Capal. De toda a área que era destinada ao trigo, um quarto agora é usado para a cevada. “Devemos aumentar ainda mais essa proporção e, sem dúvida, a instalação da maltaria em Ponta Grossa vai facilitar a logística do frete, diminuindo nossos custos operacionais”, diz Salomons.

Sobre a Unium

Marca institucional das indústrias das cooperativas Frísia, Castrolanda e Capal, a Unium representa os projetos em que as cooperativas paranaenses atuam em parceria. Conta com três marcas de lácteos: Naturalle – com produtos livres de aditivos -, Colônia Holandesa e Colaso. No setor de grãos, a Unium tem a marca Herança Holandesa – farinha de trigo produzida em uma unidade totalmente adequada à ISO 22000, com elevados padrões de exigência.

Além disso, fazem parte dos negócios a Alegra, indústria de alimentos derivados da carne suína, e a Energik, usina de produção de energia sustentável, todas reconhecidas pela qualidade e excelência. Mais informações: http://unium.coop.br/

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