Escola e eleições: como ensinar cidadania

[flgallery id=3557 /]

Aproveitar o processo eleitoral para falar sobre democracia com as crianças é uma forma de construir uma sociedade mais politizada e consciente de seus direitos e deveres

Prefeito, vereadores, urna eletrônica, título de eleitor. A cada dois anos, a agitação do ciclo eleitoral movimenta o noticiário e as ruas de cidades por todo o país. Mas, enquanto quem já tem idade para votar precisa avaliar as opções e escolher seus candidatos, é preciso garantir que as crianças também não se sintam excluídas do processo, que é o exercício mais ativo da democracia.

Mas, se os menores de 16 anos não têm direito ao voto, como é possível fazer com que eles entendam a importância desse processo?  A editora de Geografia da Editora Aprende Brasil, Manoella de Souza Soares, explica que, segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o tema das eleições só entra formalmente entre os conteúdos trabalhados a partir do 4º ano, mas, desde o 1º, o estudante deve ser estimulado a refletir sobre a comunidade e as regras de convívio. “Esse é um tema que está no cotidiano das crianças, então não se pode ignorar, é preciso deixar que elas se expressem a respeito. Já no início do Ensino Fundamental, é importante mostrar a elas o papel da sociedade como agente ativo das transformações”, relata.

Nas últimas eleições presidenciais, em 2018, o Sistema de Ensino Aprende Brasil foi além da teoria e organizou, em Governador Celso Ramos (SC), um pleito fictício. Foi assim que Cauê Marinho, um cavalo-marinho, acabou sendo candidato a presidente, com o caranguejo Otávio Crustáceo compondo a chapa como seu vice. Em busca do voto popular, eles concorreram com o golfinho Gabi Dolphin e seu vice Augusto Vivar, a água-viva, e a tartaruga Tom Tortuga e sua vice Tati Tainha. Essa foi a forma encontrada para oferecer às crianças do Ensino Fundamental uma primeira experiência sobre a democracia e o exercício do voto. “A eleição é uma comoção social, passa na televisão, às vezes os familiares das crianças estão envolvidos no processo, então comentar de forma lúdica é uma boa maneira de fazer com que os pequenos entendam a importância que as eleições têm para a nossa sociedade”, avalia Manoella.

Ética e vida em sociedade se aprendem na escola

Ainda que os adultos sejam quem precisa lidar de modo mais direto – ao menos conscientemente – com as consequências do voto, é fundamental ensinar já na infância como funciona o mecanismo de representação por esse meio. O doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo, Daniel Medeiros, explica que política vem de “polis”, que significa cidade ou espaço público. “Nesse ambiente, pessoas singulares precisam conviver sem perder seus direitos e liberdades. E essa convivência não é uma tarefa fácil, por isso precisa ser praticada desde cedo e a escola é o lugar mais adequado para esse aprendizado”, argumenta.

Manoella destaca que, ao abordar esse assunto com os mais novos, deve-se permitir que eles estabeleçam sozinhos conexões entre o que está sendo debatido na teoria e a prática vivenciada em sua vida cotidiana. “Deve-se partir do espaço vivido pelo aluno, estimulando para que ele perceba seu ambiente. Perguntar coisas como ‘quais questões você acha que poderiam melhorar no seu bairro?’. Assim, ele vai começar a identificar os problemas, buscar soluções, entender o passo a passo e perceber que ele pode ser um agente ativo”, afirma.

Segundo a educadora, um pouco mais tarde, mas ainda no Ensino Fundamental, é a vez de falar sobre como funciona a representação da vontade popular por meio do voto e, com isso, repassar importantes lições sobre ética e vida em sociedade. “É hora de explicar para as crianças que aquelas pessoas foram eleitas e estão lá nos representando. Por isso, é importante não vender o voto, não trocar, entender as questões éticas envolvidas. Além disso, podemos explorar as habilidades socioemocionais, explicando que as propostas têm que ser para o bem coletivo, e não individual, por exemplo. Esses são valores éticos que estão na Constituição e sobre os quais não podemos esperar até os 18 anos para começar a falar”, conclui.

Share:

Latest posts

mustang2 (1)
Ford Slaviero realiza evento em comemoração aos 60 anos do lendário Mustang
CIEE-por-GusBenke-50
De Libras à logística: cursos gratuitos são oportunidade de capacitação com certificado
3903C-20230302-0048 (1)
Vero Vittá: inspiração para viver com qualidade e exclusividade no alto da Gleba Palhano

Sign up for our newsletter

Acompanhe nossas redes

related articles

mustang2 (1)
Ford Slaviero realiza evento em comemoração aos 60 anos do lendário Mustang
22.° edição do evento reúne fãs do modelo em Curitiba Realizado na concessionária Ford Slaviero, uma...
Saiba mais >
CIEE-por-GusBenke-50
De Libras à logística: cursos gratuitos são oportunidade de capacitação com certificado
CIEE/PR oferece 22 opções presenciais em Curitiba para pessoas a partir de 14 anos; formação em Libras...
Saiba mais >
3903C-20230302-0048 (1)
Vero Vittá: inspiração para viver com qualidade e exclusividade no alto da Gleba Palhano
Lançamento de alto padrão da A.Yoshii traz espaços de lazer diferenciados e localização privilegiada...
Saiba mais >
FOTO-HARROCK-JE-2 (1)
Hard Rock Cafe Curitiba anuncia novidades no cardápio de almoço
Lunch menu tem novos preços e opções para quem busca pratos executivos com um toque de Rock’n Roll Conhecido...
Saiba mais >