Imposto único: um passo maior que a perna

Com a proposta da Reforma da Previdência em estágio bem avançado, o próximo tema a ser discutido pela sociedade é a Reforma Tributária, que deve ser debatida no decorrer do segundo semestre. Mas a falta de alinhamento com a população e empresários pode resultar em “pizza”.

Atualmente, temos quatro caminhos: proposta do Senado (PEC 110/2019), que é baseada na PEC 293/2004; proposta da Câmara dos Deputados (PEC 45/2019), de autoria do deputado Baleia Rossi; proposta do Poder Executivo, ainda não formalizada – em elaboração pela equipe econômica do Governo Bolsonaro; e a mais recente é a proposta do Movimento Brasil 200.

Segundo Gabriel Kanner, presidente do movimento, a carga tributária seria equivalente a 2,5% sobre as operações financeiras (débitos menos créditos bancários). Mas parece ser muito ambiciosa essa última proposta, por vários motivos. O primeiro é por conta da distribuição das competências tributárias atuais. Retirar a arrecadação direta de estados e municípios é um desafio, muito embora os secretários das fazendas estaduais já tenham se manifestado a favor. E das propostas citadas, a única que tende a não mexer com essa repartição, pelo menos por hora, seria a proposta ainda não formalizada pelo poder executivo, que deve alterar somente os tributos federais. Mas tudo isso ainda mantido a sete chaves.

O segundo motivo seria a mudança drástica de uma hora para outra. Alterar tanta coisa em pouco tempo, sem um estudo muito aprofundado, poderia ser comparado a entrar em um oceano sem bússola. Não sabemos os reflexos tributários para as empresas, população e para os cofres públicos. Para um sistema tributário que vem há décadas sofrendo uma série de remendos, ser tão radical nas mudanças não seria adequado.

O terceiro motivo seriam as propostas existentes, já em estágio avançado. O renascimento da PEC do Hauly, ou mesmo a nova PEC idealizada pelo economista Appy estariam muito à frente e têm o Senado e o Congresso Nacional como defensores, respectivamente. Inclusive, estão muito bem estruturadas, com diversos estudos de impactos. Diante desses motivos, embora não seja ruim a ideia, eu entendo que, no momento, o imposto único não deve vingar. Mas pensá-lo no futuro, em alguns anos, não seria uma má ideia.

*Marco Aurélio Pitta é profissional da área contábil e tributária, mestrando em Administração e coordenador dos programas de MBA nas áreas Tributária e Contábil da Universidade Positivo.

Share:

Latest posts

Divulgação Senior Sistemas
Dados sem direção: o novo desperdício do RH moderno
Envato Imagens
Senior Sistemas apresenta nova plataforma de produtividade empresarial com IA
Bia Nauiack
31ª CASACOR Paraná: Espaço inspirado no tema Nem sempre a espera precisa ser vazia pode ser visitado gratuitamente fora da mostra oficial

Sign up for our newsletter

Acompanhe nossas redes

related articles

Divulgação Senior Sistemas
Dados sem direção: o novo desperdício do RH moderno
Por Diego Winagraski Vivemos em uma era na qual os dados são a nova moeda da economia digital. Mas...
Saiba mais >
Envato Imagens
Senior Sistemas apresenta nova plataforma de produtividade empresarial com IA
Com o objetivo de impulsionar os resultados dos negócios por meio da transformação digital e do uso de...
Saiba mais >
Bia Nauiack
31ª CASACOR Paraná: Espaço inspirado no tema Nem sempre a espera precisa ser vazia pode ser visitado gratuitamente fora da mostra oficial
Criado pela arquiteta Roberta Lanza, ambiente está no NH Curitiba The Five, hotel oficial do evento Um lounge que...
Saiba mais >
Divulgação GT Building
Lazer sob medida vira fator decisivo para compra de imóveis de luxo
Pesquisa da Abrainc revela que 62% dos compradores consideram espaços temáticos e experiências personalizadas...
Saiba mais >