Paraná valoriza quem preserva áreas naturais voluntariamente

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Iniciativa é inédita no Sul do Brasil e busca beneficiar proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) que possuem plano de manejo

Proprietários de áreas protegidas no estado do Paraná ganharam um incentivo a mais por conservarem suas terras. O executivo estadual, por meio do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e da Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMA), assinou, em dezembro, o primeiro Termo de Compromisso do projeto Pagamento por Serviços Ambientais às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (PSA/RPPN), tornando-se o primeiro estado do Sul do Brasil a adotar uma política como essa.
O programa fornece incentivos econômicos aos proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) que, comprometidos pela conservação da natureza e interessados em perpetuar sua área natural, transformaram voluntariamente suas propriedades em unidades de conservação. “O recurso destinado poderá ser utilizado para executar as ações descritas nos planos de manejo, garantindo a implementação da RPPN, o que permite aumentar e melhorar a geração de serviços e benefícios da natureza para a sociedade”, argumenta Renato Atanazio, coordenador de Soluções Baseadas na Natureza da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Segundo a coordenadora de Biodiversidade e Florestas da SEMA, Sueli Ota, o programa valoriza áreas selecionadas, destinando recursos para que o proprietário mantenha e continue prestando serviços ambientais para a sociedade. “Trata-se de um importante instrumento de conservação, que visa reconhecer e bonificar os proprietários que transformaram suas áreas naturais em RPPN e que pode alavancar a criação de mais áreas protegidas”, informa.
Entre os benefícios diretos para a população proporcionados pela conservação de áreas naturais estão a regulação do clima, a melhor qualidade do ar, a renovação de nutrientes no meio ambiente, o provimento de água, a proteção da biodiversidade, a beleza cênica, a polinização, a manutenção da fertilidade e o controle da erosão dos solos, a manutenção de recursos genéticos, entre outros.
As RPPNs selecionadas para participar do projeto são localizadas no Paraná, atendem os critérios de elegibilidade e têm plano de manejo da RPPN comprovado e reconhecido pelo órgão ambiental responsável. Os proprietários selecionados receberão de R$ 10 mil a R$ 50 mil por ano, de acordo com as características de cada RPPN. O contrato tem duração de um ano, podendo ser prorrogado por mais 12 meses. O valor total do projeto chega a quase R$ 1,2 milhão.
A assinatura do Termo de Compromisso concretiza um trabalho de implementação e construção de um programa de PSA no Paraná, o que vinha sendo trabalhado há anos. Nesse processo, a Fundação Grupo Boticário contribuiu com apoio técnico na construção de marcos normativos e metodológicos. O método é baseado na iniciativa Oásis, criada há 12 anos pela Fundação para incentivar e promover a valorização dos ambientes naturais por meio de mecanismos de incentivo econômico a proprietários que se comprometem com a conservação de áreas naturais e a adoção de práticas conservacionistas de uso do solo.
Mata do Uru é contemplada
Uma das RPPNs contempladas no projeto foi a Mata do Uru, localizada na região da Lapa. Com cerca de 128 hectares ao lado dos quase 300 hectares do Parque Estadual do Monge, a Mata do Uru forma uma relevante área preservada de Floresta de Araucária. Pioneiro no Programa Desmatamento Evitado, o Grupo Positivo apoia desde 2003 a conservação da área por meio de parceria com a SPVS e os proprietários do terreno.
“Foi um longo processo de seleção até aqui. A SPVS inscreveu a Mata do Uru no Edital e acompanhou todo o processo. Na avaliação de campo, a URU perdeu apenas 0,5 ponto, ou seja, praticamente obteve a nota máxima. O desconto foi em função da constatação de pequenas mudas de pinus na reserva. Apesar do monitoramento constante, a semente dessa espécie se dissipa com o vento, tornando o controle sempre um desafio”, pontua a supervisora de Gestão de Sistema de Gestão da Posigraf, Andréa Luiza Arantes.
Segundo ela, o Positivo, consciente da necessidade de conservação de áreas naturais para promoção da conservação da biodiversidade, apoia a conservação da Mata do Uru com recursos financeiros próprios. “Essa ação está alinhada à missão e aos valores da empresa, que entende que o apoio da iniciativa privada é fundamental para manutenção dos serviços ambientais, que são fundamentais para a garantia da qualidade de vida e da conservação dos recursos naturais”, completa. Andrea acredita que os investimentos em educação ambiental, via programa de visitação, e em pesquisa científica foram determinantes para a excelente avaliação obtida. Com essa pontuação, a Mata do Uru receberá o valor máximo do Edital, ou seja, R$ 50 mil que serão aplicados em ações na área.
Durante a assinatura do Termo de Compromisso, o secretário da SEMA,  Antonio Carlos Bonetti, fez uma fala breve elogiando o modelo da Mata do Uru e pontuando que o próximo desafio é conseguir com que mais representantes da iniciativa privada contribuam tanto para o aumento de unidades quanto para a melhoria da qualidade da gestão das RPPNs.
Mais informações podem ser conferidas no site do IAP (www.iap.pr.gov.br).

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