Ocorrência dos pequenos animais foi registrada em diversos locais do Brasil, percorrendo também o México e os Andes
Seis novas espécies de tamanduaís foram descobertas por um grupo de pesquisadores brasileiros em regiões da Mata Atlântica e da Amazônia. O estudo, que começou há 12 anos, teve o primeiro apoio no ano de 2009 com o financiamento da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Até o momento, a espécie Cyclopes didactylus, com ocorrências no Nordeste brasileiro, havia sido descrita como única entre os tamanduaís. Por meio de estudos taxonômicos, que analisaram características físicas como coloração e tamanho em mais de 280 espécimes, além de 33 amostras genéticas que passaram por análises minuciosas, o grupo de pesquisadores liderado pela zoóloga e coordenadora da ONG Projeto Tamanduá, Flávia Miranda, pôde identificar pelo menos mais seis espécies pertencentes ao gênero Cyclopes: C. ida; C. dorsalis; C. catellus; C. thomasi; C. rufus; e C. xinguensis.
O pequeno habitante de florestas tropicais do continente americano, mede cerca de 15 centímetros, pesa até 250 gramas, possui pelagem sedosa e hábitos noturnos e se alimenta de formigas e cupins. Além disso, os tamanduaís são caracterizados por suas características arborícolas, ou seja, animais cuja vida se dá principalmente em árvores, assim como os macacos.
As expedições realizadas e as amostras coletadas pelos pesquisadores passaram por diversos lugares do Brasil como Pará, Pernambuco e Amazônia, e outros locais do continente, como o México e a Bolívia. Segundo Flávia, o próximo passo da pesquisa é mapear os locais exatos de ocorrência desses animais. “Com o mapeamento seguro e exato, será possível identificar qual é o nível de preservação dessas espécies, se alguma delas encontra-se sobre o risco de extinção e traçar estratégias de conservação, estimulando também o cuidado e o zelo pelos locais onde são encontradas”, explica a coordenadora do projeto.
A pesquisa, que também contou com o apoio do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). O artigo que descreve os seis tamanduaís foi publicado em dezembro na Zoological Journal of The Linnear Society. “Tão importante quanto a descoberta dessas espécies, é ressaltar o trabalho de todas as pessoas envolvidas no processo, que foram muitas ao longo destes 10 anos dedicados ao estudo. Em especial onde tudo começou, com o apoio do pesquisador Gilmar Klein e da Fundação Grupo Boticário” destaca Flávia Miranda.
Para a diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, Malu Nunes, esse é mais um resultado positivo que mostra a importância de apoiar de projetos que atuem na conservação da biodiversidade brasileira “Com essa descoberta temos agora 172 espécies reconhecidas por meio de projetos apoiados pela Fundação. É um orgulho imenso poder fazer parte de estudos que contribuem para conhecer e proteger a biodiversidade”, comemora.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza. Criada em 1990 por iniciativa do fundador de O Boticário, Miguel Krigsner, a atuação da Fundação Grupo Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação Grupo Boticário já apoiou 1.528 projetos de 501 instituições em todo o Brasil. A instituição mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país. Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ambientais em regiões de manancial, o Oásis. Na internet: www.fundacaogrupoboticario.