Artigo: Andar a pé: como avaliar nossas calçadas?

Por Jussara Maria Silva, arquiteta e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo

O aumento da população em uma área física limitada e pouco flexível, característica da maioria das grandes aglomerações urbanas, promove a compressão de espaços, a aproximação de pessoas, a interligação de unidades sociais distintas, o aumento de fluxos, volumes e densidades de mercadorias, automóveis e pedestres. Todos os fenômenos urbanos, dinâmicos por natureza, transcorrem sob uma configuração espacial, parcialmente fixa e restritiva, devendo, portanto, ser por ela moldados. A ocupação dos espaços, os deslocamentos, os volumes e velocidades dos elementos que compõem essa dinâmica urbana e que os inter-relaciona, conduzem a comportamentos diferenciados pela presença de inúmeras restrições e pela consequente necessidade de adaptação.
As atividades desenvolvidas por nós na condição de pedestres definem o modo pelo qual se distribuem e caracterizam a circulação, os encontros e o convívio da população em espaços urbanos.
Andar a pé constitui uma das formas de transporte, sendo a mais primitiva e natural. A importância da circulação dos pedestres não é considerada nas políticas e planos de trânsito. Nossas autoridades públicas não tomaram consciência ainda de que andar a pé é transporte.
Para avaliar a adequabilidade do espaço ao pedestre existem índices para mensurar a conveniência ou atratividade de um ambiente para o deslocamento a pé, verificando a presença ou não de condições necessárias para o deslocamento a pé nos ambientes de circulação.
Um bom exemplo é o modelo de avaliação do Pedestrian-Friendliness Scorecard, Walkability do Victoria Transport Policy Institute (VTPI). Esse modelo serve como ferramenta tanto conceitual quanto prática. Deve ser visto como uma forma de avaliar se a área urbana é ou não conveniente ao pedestre e se as condições adequadas estão disponíveis para criar tal conveniência.
O modelo é dividido em seções, uma para cada critério de conveniência ao pedestre. E, por sua vez, cada um deles abrange uma dimensão que influencia a disposição de caminhar. A avaliação final de um trecho de calçada é obtida pela soma dos pontos atribuídos pelo técnico pesquisador ao ambiente analisado, diante de algumas opções de situações em relação a esse ambiente. A identificação da melhor resposta para cada item listado será utilizada para calcular a pontuação final em cada seção. O produto final é a tabulação e soma dos pontos, compondo uma pontuação que classifica o trecho da rua. Essa graduação possibilita comparar duas ou mais localidades de uma mesma cidade ou mesmo regiões de diferentes cidades.
A questão das deficiências nas características da andabilidade é grave, pois produz danos e deveria requerer maior atenção dos responsáveis pela administração municipal. A andabilidade é muito dependente da situação física das calçadas, seja pelo desenho, superfície, dimensões, planicidade, estado de conservação geral, seja por outros fatores.
 

Share:

Latest posts

Envato
Como aproveitar ao máximo os benefícios do Saeb
3161c-20191107-00094 (1)
Inovações fortalecem segurança nos canteiros de obras
3704C-20220203-0089 (1) (1)
Construtora Yticon celebra 15 anos e anuncia novidades

Sign up for our newsletter

Acompanhe nossas redes

related articles

Envato
Como aproveitar ao máximo os benefícios do Saeb
Avaliação bienal é fundamental para definir políticas públicas e melhorar qualidade do ensino no Brasil;...
Saiba mais >
3161c-20191107-00094 (1)
Inovações fortalecem segurança nos canteiros de obras
Construtora integra treinamentos, tecnologia e programa de inovação; pesquisa aponta que construção civil...
Saiba mais >
3704C-20220203-0089 (1) (1)
Construtora Yticon celebra 15 anos e anuncia novidades
Desde 2009, foram mais de 700 mil m² construídos e mais de 40 lançamentos entre os estados de SP e PR Fundada...
Saiba mais >
IMG-20211220-WA0039 - 2-
Gerando Falcões: Multinacional renova parceria com projeto que ampara mais de 490 famílias
Valmet intensifica apoio a projeto inclusivo com mais de 50 atividades de lazer, esporte, cultura, qualificação...
Saiba mais >