Por Eliane Basilio de Oliveira, socióloga e professora da Universidade Positivo (UP)
O menino de oito anos está admirado com o que viu na televisão:
– Aquela propaganda em que o rapaz limpa uma oficina mecânica inteira dançando não pode ser verdade. Ninguém consegue fazer isso.
Acostumado a ouvir todos os dias que não se deve mentir em nenhuma situação, a criança logo descobre que, no mundo real, fantasiar é uma prática comum. Mais do que isso, os relacionamentos humanos seriam um desastre se não existissem pequenos subterfúgios para colorir o cotidiano. Imagine, por exemplo, que você foi convidado para um jantar com a diretoria da empresa em que pleiteia uma vaga, e que o cardápio é uma iguaria regional que não lhe apetece. É claro que você não vai ser deselegante a ponto de declarar que a comida estava horrível.
A mentira faz parte de todas as sociedades modernas, está entranhada na pragmática da comunicação e na economia dos relacionamentos. Mais do que um fato psicológico, ela é uma prática social. Sua existência depende das situações em que é usada. Às vezes, é plenamente aceita; em alguns casos, é interditada com veemência. Em certos gêneros discursivos, como em determinados tipos de publicidade, existe um pacto tácito entre o emissor e receptor de que a mensagem pode ser um pouco fantasiosa e usar de pequenas “mentiras”.
Por exemplo, ninguém imagina, a não ser a criança, que o detergente da propaganda seria capaz de limpar sozinho a garagem engraxada. No entanto, a “mentira” funciona na publicidade, que nos faz pensar não naquilo que realmente acontece, mas no que poderia acontecer. Outras formas discursivas, no entanto, não admitem mentira, como o jornalismo, os pronunciamentos políticos e as informações prestadas pelo Estado. Nestes casos, o receptor acredita estabelecer um pacto de confiança em que a verdade sempre será dita. O problema é que nem sempre é assim.
No Brasil da recente crise política, há muito mais do que corruptos e carne podre. Os jogos de interesse acabam levando à manipulação de informação, que podem ser comparadas à mentira, a puro jogo de linguagem feito para enrolar o cidadão. Nunca se mentiu tanto em relação ao suposto rombo da previdência, à CLT, ao aumento de impostos, ao desenvolvimento econômico do país. Os políticos que integram o chamado núcleo duro do governo passariam ilesos por um detector de mentira, já que fantasiam a realidade com grande desenvoltura.
O grande problema é que, aos poucos, o cidadão, assim como o menino de oito anos, descobre que está sendo iludido. Mas, diferentemente do caso da criança, a mentira que está ouvindo não é apenas uma pequena fantasia para vender sabão. Mas algo que vai impactar negativamente sua vida e que é vendido como sendo a solução para os problemas do país.
Acostumado a ouvir todos os dias que não se deve mentir em nenhuma situação, a criança logo descobre que, no mundo real, fantasiar é uma prática comum. Mais do que isso, os relacionamentos humanos seriam um desastre se não existissem pequenos subterfúgios para colorir o cotidiano. Imagine, por exemplo, que você foi convidado para um jantar com a diretoria da empresa em que pleiteia uma vaga, e que o cardápio é uma iguaria regional que não lhe apetece. É claro que você não vai ser deselegante a ponto de declarar que a comida estava horrível.
A mentira faz parte de todas as sociedades modernas, está entranhada na pragmática da comunicação e na economia dos relacionamentos. Mais do que um fato psicológico, ela é uma prática social. Sua existência depende das situações em que é usada. Às vezes, é plenamente aceita; em alguns casos, é interditada com veemência. Em certos gêneros discursivos, como em determinados tipos de publicidade, existe um pacto tácito entre o emissor e receptor de que a mensagem pode ser um pouco fantasiosa e usar de pequenas “mentiras”.
Por exemplo, ninguém imagina, a não ser a criança, que o detergente da propaganda seria capaz de limpar sozinho a garagem engraxada. No entanto, a “mentira” funciona na publicidade, que nos faz pensar não naquilo que realmente acontece, mas no que poderia acontecer. Outras formas discursivas, no entanto, não admitem mentira, como o jornalismo, os pronunciamentos políticos e as informações prestadas pelo Estado. Nestes casos, o receptor acredita estabelecer um pacto de confiança em que a verdade sempre será dita. O problema é que nem sempre é assim.
No Brasil da recente crise política, há muito mais do que corruptos e carne podre. Os jogos de interesse acabam levando à manipulação de informação, que podem ser comparadas à mentira, a puro jogo de linguagem feito para enrolar o cidadão. Nunca se mentiu tanto em relação ao suposto rombo da previdência, à CLT, ao aumento de impostos, ao desenvolvimento econômico do país. Os políticos que integram o chamado núcleo duro do governo passariam ilesos por um detector de mentira, já que fantasiam a realidade com grande desenvoltura.
O grande problema é que, aos poucos, o cidadão, assim como o menino de oito anos, descobre que está sendo iludido. Mas, diferentemente do caso da criança, a mentira que está ouvindo não é apenas uma pequena fantasia para vender sabão. Mas algo que vai impactar negativamente sua vida e que é vendido como sendo a solução para os problemas do país.