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Ambientalistas, membros de entidades não governamentais e representantes do Governo Federal debateram o assunto em Florianópolis nesta quarta-feira (1º/8)
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), as Metas de Aichi e as Áreas Protegidas foram temas amplamente debatidos no segundo dia do IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC) – evento promovido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, que segue até esta quinta-feira (2/8), em Florianópolis (SC). Moderado por Miguel Milano, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, o painel “Conexão entre Conservação e Geração de Valor à Sociedade” contou com a participação de Bráulio Dias, da Universidade de Brasília; Alvaro Vallejo, membro da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN); José Pedro de Oliveira Costa, da Secretaria de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente; e Maurizélia de Brito Silva, chefe da Reserva Biológica (Rebio) Atol das Rocas.
O primeiro a falar foi Bráulio Dias, que deu seguimento ao tema das palestras do dia anterior, ministradas por Denise Hamú, da ONU, e pela pesquisadora sueca Matilda Van den Bosch, sobre áreas protegidas e a saúde dos seres humanos. O palestrante reforçou a necessidade de ligar os temas biodiversidade e meio ambiente ao bem-estar da população. Para embasar sua apresentação, Dias destacou pesquisas e trabalhos acompanhados ao longo de sua carreira, que comprovam a melhoria da qualidade de vida daqueles que têm contato direto com áreas verdes, como o processo de pesquisa de opinião pública que vem sendo realizado desde a Rio-92 e coordenado por Samira Crespo, ambientalista carioca.
O estudo, que vem sendo repetido a cada quatro ou cinco anos, busca trazer a percepção da sociedade com relação à existência das áreas verdes brasileiras e o significado que elas têm na vida dos cidadãos. “Com essas pesquisas fica claro que o meio ambiente não é assunto da maior prioridade em todo o mundo, mas saúde sim. O que falta, portanto, é investir no melhor uso das áreas protegidas, o que contribuiria para a diminuição dos custos públicos para tratamento de saúde e na diminuição de doenças, consequentemente”, destacou Dias.
Ele também destacou alguns trabalhos que salientam a importância da ligação da biodiversidade com a saúde, como o relatório elaborado pela Convenção sobre Diversidade Biológica em conjunto com a Organização Mundial da Saúde; o livro “Preservar la Vida”; a The Lancet, da The Rockefeller Foundation; entre outros. “Esses exemplos reforçam ainda mais a intenção da Organização das Nações Unidas (ONU) em trabalhar a tendência One Health, uma estratégia de saúde única, que interliga a saúde humana com a saúde animal e ambiental. Já passou da hora de percebermos a clara relação das doenças com o meio ambiente, a exemplo da febre amarela, dengue, entre outras”, elencou o pesquisador da Universidade de Brasília.
Durante sua apresentação, Alvaro Vallejo falou sobre Governança Internacional, desenvolvimento sustentável e conservação da natureza, mostrando como funciona o trabalho da IUCN no mundo pela categorização e modelos de governança das áreas protegidas.
Atualmente, a organização desenvolveu um marco para análise e avaliação da governança de áreas protegidas, criando o programa Lista Verde, que tem sido adotado por vários países e dá reconhecimento positivo para áreas que têm uma boa governança. “Essa lista é como a nossa Lista Vermelha, que dá o sinal de que algo não está indo bem. Mas, no caso da Verde, alertamos positivamente para as áreas com boa gestão”, explicou Vallejo.
O palestrante também falou do papel da IUCN em compartilhar conhecimento e estabelecer padrões, como por exemplo o sistema de categorias das áreas protegidas e o padrão de lista vermelha. “Uma das primeiras contribuições para a governança é ter uma categoria comum que possa servir para regiões do planeta. E esse é nosso objetivo: realizar esforços coordenados em nível mundial com linguagem e ferramentas comuns, pois uma boa governança vai permitir que o país alcance as metas exigidas e construa novas redes de áreas protegidas”, finalizou.
Participação de membros do Governo
Os dois últimos participantes, José Pedro de Oliveira Costa, secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, e Maurizélia, técnica do ICMBio e chefe da Rebio Atol das Rocas, fecharam o painel trazendo números e contando algumas histórias.
Costa apresentou dados sobre a criação e ampliação de novas Unidades de Conservação (UCs) no Brasil para o período 2018/2019, citando que existe a intenção de aumentar os hectares de áreas preservadas no Brasil. De acordo com o material serão 25 UCs criadas ou ampliadas, das quais quatro são no bioma Pantanal, cinco na Amazônia, três na Caatinga, uma no Cerrado, três na Mata Atlântica, três no Pampa e seis em ambientes marinhos.
Mas o secretário alertou sobre a dificuldade de levar adiante muitas dessas propostas no Brasil, fazendo, inclusive, uma comparação irônica. “Cuidar de áreas protegidas no Brasil é o mesmo que entrar em um trem fantasma. Você está ali, vendo paisagens bonitas e, de repente, cai algo assustador em cima de você. E isso acontece várias vezes ao longo do percurso”, lamentou.
Por conta dessas dificuldades, José Pedro finalizou sua apresentação alertando que as políticas públicas necessitam de comunicação e ações de toda ordem: “Precisamos trabalhar na área da comunicação. Somos falhos, inclusive, para divulgar as áreas que já existem e precisamos melhorar”, finalizou, ressaltando a necessidade de discutir o mosaico do pantanal e o santuário de baleias do Atlântico-Sul.
Por fim, Maurizélia emocionou o público presente com um relato sobre seu trabalho na Rebio Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte. A palestrante iniciou sua apresentação mostrando uma foto da área onde trabalha, e onde morou por muitos anos, dizendo – em tom irônico: “esse é meu escritório, não sintam pena de mim”.
A Rebio, criada em 1979, é um local intocável, cheio de vida e com a natureza extremamente preservada, graças à fiscalização permanente, implementada em 1991. A partir dessa história, Zélia – como é chamada – conseguiu descrever exatamente a evolução do trabalho no local, por meio de fotos que não precisaram de legendas.
Segundo ela, o objetivo principal da Reserva é criar estratégias para manter infratores distantes da UC. No local, além da presença contínua de pesquisadores e de estudos científicos, as atividades de rotina envolvem o patrulhamento marítimo e aéreo, o monitoramento ambiental e o desenvolvimento de programas de pesquisa. “Ou seja, quem está lá, está de corpo e alma para a conservação local”, revelou.
IX CBUC
O IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, periodicamente desde 1997, é um dos mais importantes fóruns da América Latina sobre áreas protegidas, seus desafios e sua importância para a sociedade. Neste ano, em sua nona edição, o evento acontece em Florianópolis (SC), entre 31 de julho a 2 de agosto de 2018. Além do Simpósio de Negócios, haverá outros dois simultâneos, um sobre conservação dos oceanos e outro sobre ecoturismo em áreas protegidas.
Paralelamente ao CBUC e aos Simpósios, há uma extensa programação aberta e gratuita, possibilitando aos congressistas e À população de Florianópolis ter contato com iniciativas e projetos inovadores.
A programação do IX CBUC está disponível no site www.fundacaogrupoboticario. org.br/cbuc.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.
O primeiro a falar foi Bráulio Dias, que deu seguimento ao tema das palestras do dia anterior, ministradas por Denise Hamú, da ONU, e pela pesquisadora sueca Matilda Van den Bosch, sobre áreas protegidas e a saúde dos seres humanos. O palestrante reforçou a necessidade de ligar os temas biodiversidade e meio ambiente ao bem-estar da população. Para embasar sua apresentação, Dias destacou pesquisas e trabalhos acompanhados ao longo de sua carreira, que comprovam a melhoria da qualidade de vida daqueles que têm contato direto com áreas verdes, como o processo de pesquisa de opinião pública que vem sendo realizado desde a Rio-92 e coordenado por Samira Crespo, ambientalista carioca.
O estudo, que vem sendo repetido a cada quatro ou cinco anos, busca trazer a percepção da sociedade com relação à existência das áreas verdes brasileiras e o significado que elas têm na vida dos cidadãos. “Com essas pesquisas fica claro que o meio ambiente não é assunto da maior prioridade em todo o mundo, mas saúde sim. O que falta, portanto, é investir no melhor uso das áreas protegidas, o que contribuiria para a diminuição dos custos públicos para tratamento de saúde e na diminuição de doenças, consequentemente”, destacou Dias.
Ele também destacou alguns trabalhos que salientam a importância da ligação da biodiversidade com a saúde, como o relatório elaborado pela Convenção sobre Diversidade Biológica em conjunto com a Organização Mundial da Saúde; o livro “Preservar la Vida”; a The Lancet, da The Rockefeller Foundation; entre outros. “Esses exemplos reforçam ainda mais a intenção da Organização das Nações Unidas (ONU) em trabalhar a tendência One Health, uma estratégia de saúde única, que interliga a saúde humana com a saúde animal e ambiental. Já passou da hora de percebermos a clara relação das doenças com o meio ambiente, a exemplo da febre amarela, dengue, entre outras”, elencou o pesquisador da Universidade de Brasília.
Durante sua apresentação, Alvaro Vallejo falou sobre Governança Internacional, desenvolvimento sustentável e conservação da natureza, mostrando como funciona o trabalho da IUCN no mundo pela categorização e modelos de governança das áreas protegidas.
Atualmente, a organização desenvolveu um marco para análise e avaliação da governança de áreas protegidas, criando o programa Lista Verde, que tem sido adotado por vários países e dá reconhecimento positivo para áreas que têm uma boa governança. “Essa lista é como a nossa Lista Vermelha, que dá o sinal de que algo não está indo bem. Mas, no caso da Verde, alertamos positivamente para as áreas com boa gestão”, explicou Vallejo.
O palestrante também falou do papel da IUCN em compartilhar conhecimento e estabelecer padrões, como por exemplo o sistema de categorias das áreas protegidas e o padrão de lista vermelha. “Uma das primeiras contribuições para a governança é ter uma categoria comum que possa servir para regiões do planeta. E esse é nosso objetivo: realizar esforços coordenados em nível mundial com linguagem e ferramentas comuns, pois uma boa governança vai permitir que o país alcance as metas exigidas e construa novas redes de áreas protegidas”, finalizou.
Participação de membros do Governo
Os dois últimos participantes, José Pedro de Oliveira Costa, secretário de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, e Maurizélia, técnica do ICMBio e chefe da Rebio Atol das Rocas, fecharam o painel trazendo números e contando algumas histórias.
Costa apresentou dados sobre a criação e ampliação de novas Unidades de Conservação (UCs) no Brasil para o período 2018/2019, citando que existe a intenção de aumentar os hectares de áreas preservadas no Brasil. De acordo com o material serão 25 UCs criadas ou ampliadas, das quais quatro são no bioma Pantanal, cinco na Amazônia, três na Caatinga, uma no Cerrado, três na Mata Atlântica, três no Pampa e seis em ambientes marinhos.
Mas o secretário alertou sobre a dificuldade de levar adiante muitas dessas propostas no Brasil, fazendo, inclusive, uma comparação irônica. “Cuidar de áreas protegidas no Brasil é o mesmo que entrar em um trem fantasma. Você está ali, vendo paisagens bonitas e, de repente, cai algo assustador em cima de você. E isso acontece várias vezes ao longo do percurso”, lamentou.
Por conta dessas dificuldades, José Pedro finalizou sua apresentação alertando que as políticas públicas necessitam de comunicação e ações de toda ordem: “Precisamos trabalhar na área da comunicação. Somos falhos, inclusive, para divulgar as áreas que já existem e precisamos melhorar”, finalizou, ressaltando a necessidade de discutir o mosaico do pantanal e o santuário de baleias do Atlântico-Sul.
Por fim, Maurizélia emocionou o público presente com um relato sobre seu trabalho na Rebio Atol das Rocas, no Rio Grande do Norte. A palestrante iniciou sua apresentação mostrando uma foto da área onde trabalha, e onde morou por muitos anos, dizendo – em tom irônico: “esse é meu escritório, não sintam pena de mim”.
A Rebio, criada em 1979, é um local intocável, cheio de vida e com a natureza extremamente preservada, graças à fiscalização permanente, implementada em 1991. A partir dessa história, Zélia – como é chamada – conseguiu descrever exatamente a evolução do trabalho no local, por meio de fotos que não precisaram de legendas.
Segundo ela, o objetivo principal da Reserva é criar estratégias para manter infratores distantes da UC. No local, além da presença contínua de pesquisadores e de estudos científicos, as atividades de rotina envolvem o patrulhamento marítimo e aéreo, o monitoramento ambiental e o desenvolvimento de programas de pesquisa. “Ou seja, quem está lá, está de corpo e alma para a conservação local”, revelou.
IX CBUC
O IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, periodicamente desde 1997, é um dos mais importantes fóruns da América Latina sobre áreas protegidas, seus desafios e sua importância para a sociedade. Neste ano, em sua nona edição, o evento acontece em Florianópolis (SC), entre 31 de julho a 2 de agosto de 2018. Além do Simpósio de Negócios, haverá outros dois simultâneos, um sobre conservação dos oceanos e outro sobre ecoturismo em áreas protegidas.
Paralelamente ao CBUC e aos Simpósios, há uma extensa programação aberta e gratuita, possibilitando aos congressistas e À população de Florianópolis ter contato com iniciativas e projetos inovadores.
A programação do IX CBUC está disponível no site www.fundacaogrupoboticario.
Sobre a Fundação Grupo Boticário
A Fundação Grupo Boticário é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial. A Fundação Grupo Boticário apoia ações de conservação da natureza em todo o Brasil, totalizando mais de 1.500 iniciativas apoiadas financeiramente. Protege 11 mil hectares de Mata Atlântica e Cerrado, por meio da criação e manutenção de duas reservas naturais. Atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e nas políticas públicas, além de contribuir para que a natureza sirva de inspiração ou seja parte da solução para diversos problemas da sociedade. Também promove ações de mobilização, sensibilização e comunicação inovadoras, que aproximam a natureza do cotidiano das pessoas.