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“O bem que o Estado pode fazer é limitado; o mal, infinito. O que ele pode nos dar é sempre menos do que pode nos tirar”. Essa é uma das célebres frases de Roberto de Oliveira Campos (1917 – 2001), que teria completado 100 anos no dia 12 de abril. Como economista, diplomata, embaixador, ministro, senador, deputado, escritor e intelectual brilhante, Campos teve uma trajetória extraordinária e foi fundamental no desenvolvimento do país. No campo das ideias, foi um dos maiores defensores do pensamento liberal e combatia o comunismo e o socialismo com ironia. Ele faleceu aos 84 anos, em 9 de outubro de 2001, e deixou um espaço vago na paisagem intelectual brasileira.
Nascido em Cuiabá, o menino de origem humilde internou-se em colégios de padres, onde se formou em Filosofia e Teologia. Em 1938, por meio de um concurso, ingressou no Itamaraty, onde atuava no Departamento Comercial e cuidava de assuntos econômicos. Em 1944, o talento como formulador de ideias começou a ser revelado: o jovem de 27 anos foi enviado para atuar como secretário na embaixada brasileira em Washington (EUA). Com sua incrível capacidade de argumento, participou da famosa conferência de Bretton Woods, ocasião na qual se fundaram o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Desde então, Campos participou da formulação de políticas e reforma de instituições em todos os governos brasileiros.
Entre 1942 e 1947, tornou-se o primeiro economista formado a atuar nos quadros da diplomacia brasileira nos Estados Unidos.Com 30 anos, Roberto Campos fez mestrado em Economia na Universidade de George Washington. Como embaixador do Brasil nos EUA nos governos de Jânio Quadros e João Goulart, foi negociador de acordos junto ao governo de John Kennedy. O então presidente americano dizia que o embaixador brasileiro era um dos maiores especialistas em política e economia mundial.
Já no Brasil, foi criador do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) – hoje BNDES – e elaborou o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek. Como Ministro do Planejamento do primeiro governo da revolução de 1964, Roberto Campos elaborou e implementou as reformas tributária, trabalhista e bancária. Além disso, em sua gestão como ministro, nasceu também o FGTS, a caderneta de poupança e o Banco Central. No governo Geisel e Figueiredo, foi embaixador do Brasil na Inglaterra. De volta ao Brasil, se elegeu senador pelo Mato Grosso, em 1982, e foi deputado duas vezes pelo Rio de Janeiro. Como escritor e analista econômico, publicou mais de 20 livros – entre eles, “A lanterna na popa” é um dos maiores sucessos, já que relata as memórias de quase 50 anos de vida nacional e internacional do autor.
Para o economista, reitor da Universidade Positivo (UP), e amigo de Roberto Campos, José Pio Martins, ele foi um dos homens mais inteligentes que o Brasil já conheceu. “Aguerrido defensor do liberalismo, sempre à frente de seu tempo, Campos anteviu o desastre da Petrobras e preconizou o fracasso da Constituição de 1988 em promover o desenvolvimento e superar a pobreza”, afirma.
Curitiba: fortaleza da memória de Roberto Campos
Parte da história de Roberto Campos está na capital paranaense. O acervo de mais de 7,5 mil livros e objetos pessoais do economista é abrigado em Curitiba. A coleção foi adquirida em 2002 pelo Grupo Positivo e, desde então, incorporada à Biblioteca Central da Universidade Positivo (UP), já na inauguração do prédio. Os livros, medalhas, condecorações e diplomas ficam expostos na “Sala Roberto Campos”, um espaço de vidro no térreo da Biblioteca. O acervo é eclético, sendo possível encontrar livros principalmente de Economia, mas há também exemplares de Filosofia, Literatura, História, Sociologia e dicionários. Além disso, em algumas obras, é possível encontrar dedicatórias, anotações pessoais e até mesmo cartas da rainha Elizabeth e de Bill Clinton, que ele recebeu na época de embaixador. Todos esses raros arquivos fazem com que a coleção se torne ainda mais única e especial.
Para a coordenadora da Biblioteca Central da UP, Joelma Marques, é um acervo altamente relevante. “Roberto Campos pensou de uma forma muito ampla e sempre muito além do seu tempo. Com o acervo, é possível entender um pouco mais do estudioso brasileiro que levou para fora um Brasil muito mais culto”, destaca. A importância do acervo é tão grande que a Biblioteca teve um cuidado desde o início, quando separou e catalogou todas as peças.
Todo o acervo é aberto – tanto à comunidade acadêmica, quanto à comunidade em geral. Como são peças únicas, não é possível emprestar nenhum exemplar. Entretanto, no próprio espaço, é possível ter acesso e consultá-las. “Com a Sala Roberto Campos, nossa intenção é, além de prestar uma homenagem a ele, despertar o interesse no estudo”, explica o reitor.
Sobre a Universidade Positivo
A Universidade Positivo (UP) concentra, na Educação Superior, a experiência educacional de mais de quatro décadas do Grupo Positivo. A instituição teve origem em 1988 com as Faculdades Positivo, que, dez anos depois, foram transformadas no Centro Universitário Positivo (UnicenP). Em 2008, foi autorizada pelo Ministério da Educação a ser transformada em Universidade. Atualmente, oferece 58 cursos de Graduação presenciais (31 cursos de Bacharelado e Licenciatura e 27 Cursos Superiores de Tecnologia), três programas de Doutorado, quatro programas de Mestrado, centenas de programas de Especialização e MBA e dezenas de programas de Extensão. A UP conta com sete unidades em Curitiba, além de polos de Educação à Distância (EAD) em 22 cidades espalhadas pelo Brasil. É considerada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) a melhor universidade privada do Paraná, pelo quinto ano consecutivo.