Nem todo paisagismo é sustentável: 5 dicas para adotar a abordagem regenerativa

Muito além da estética, o paisagismo regenerativo reconecta cidades à natureza, valoriza espécies nativas e transforma espaços urbanos em ecossistemas vivos

No movimento crescente por casas mais saudáveis e equilibradas, como aponta a tendência Wellness Home, da WGSN, o bem-estar deixou de ser apenas uma questão de autocuidado e passou a ser uma filosofia que atravessa toda a experiência do morar. Essa abordagem defende que as casas devem nutrir não só o corpo, mas também a mente e o espírito, por meio de ambientes voltados ao descanso, à saúde e à conexão com a natureza.

Nesse contexto, o paisagismo regenerativo surge como peça-chave. Mais do que compor visualmente os espaços, ele transforma o paisagismo em um agente ativo de saúde ambiental e humana. Ao contrário do modelo tradicional, que frequentemente prioriza espécies exóticas, irrigação intensiva e adubos químicos, o paisagismo regenerativo foca na restauração dos ecossistemas locais, valorizando espécies nativas, o equilíbrio do solo e a biodiversidade.

Essa mudança de paradigma também redefine o uso dos espaços verdes nas residências. Jardins, varandas e quintais deixam de ser apenas áreas contemplativas para se tornarem extensões da casa — locais voltados ao relaxamento, à meditação, à convivência, à alimentação saudável e até ao cultivo de alimentos. Esses espaços  passam a integrar o caminho de desconexão do ritmo cinza e acelerado das cidades, oferecendo um respiro essencial para a saúde mental.

“O paisagismo não é só para ver. É para viver. Em um projeto de paisagismo regenerativo, nada é por acaso. Cada planta tem uma função: espécies frutíferas alimentam a fauna; espécies caducas revelam a  passagem do tempo. O objetivo não é apenas a beleza, mas também regenerar o solo, atrair vida, proteger a biodiversidade local. É um trabalho com intencionalidade, que cria conexão entre as pessoas e o ambiente”, explica Iago de Oliveira, sócio-fundador do escritório Bloco Blase, que prioriza a sustentabilidade, o conforto e bem-estar na construção civil.

Sustentabilidade como processo, não produto

O paisagismo regenerativo entende que sustentabilidade não se resume a escolhas pontuais, mas, sim, a um processo contínuo de reconexão com a terra. Ao melhorar a qualidade do ar, atrair polinizadores, reter água no solo e reduzir a necessidade de manutenção intensiva, essa abordagem constrói paisagens que são belas, úteis e vivas — verdadeiras aliadas do bem-estar cotidiano. Integrar natureza, saúde e design é mais do que uma tendência: é uma resposta necessária aos desafios ambientais e emocionais do momento.

O arquiteto da incorporadora paranaense GT Building, Fabio Lima, destaca os principais benefícios e diretrizes para aplicar as tendências em todos os projetos e empreendimentos da empresa.

  • Regeneração do solo e da biodiversidade, com o uso de espécies nativas, melhora a saúde do solo, aumenta a infiltração de água e promove a vida microbiana. Ainda, estimula o retorno de polinizadores e de outras espécies nativas.
  • Redução da pegada ambiental ao diminuir o uso de insumos químicos e práticas poluentes comuns no paisagismo tradicional. Também prioriza materiais e plantas locais, o que reduz as emissões associadas ao transporte.
  • Resiliência climática com a criação de paisagens adaptadas às mudanças do clima, que demandam menos irrigação e manutenção.
  • Valorização estética e ecológica dos espaços ao integrar beleza e função ecológica, criando ambientes saudáveis e atrativos. O paisagismo regenerativo também conecta as pessoas com a natureza de forma educativa e restauradora.
  • Aspecto sociocultural, identitário e ambiental com foco na brasilidade. O paisagismo regenerativo é também uma forma de resgatar a identidade local, já que a vegetação brasileira — rica e diversa — foi, por muito tempo, negligenciada em favor de estéticas importadas. O uso de espécies nativas permite criar uma paisagem com alma brasileira, que atrai pássaros, promove interação, exige pouca manutenção e ainda regenera o ambiente.

Tipos de espécies para um jardim regenerativo

O fundamental neste tipo de projeto é a escolha exclusiva de espécies nativas da região em que será plantada, então conhecer a flora local é o primeiro passo: o que é nativo em uma região, não necessariamente é em outra, então a atenção nisso é fundamental. Aqui vão algumas dicas:

  • Araucária – nativa das regiões entre MG e RS, sempre que possível e houver espaço, plante uma araucária. Apesar de ser uma espécie protegida por lei, poucas pessoas cultivam essa árvore emblemática. Além de sua imponência, contribui para a biodiversidade.
  • Pitangueira – acontecendo naturalmente em estados desde o Alagoas até o Rio Grande do Sul, é uma ótima frutífera, adaptável tanto ao plantio em solo quanto em vasos. Seus frutos são deliciosos e sua presença atrai pássaros, trazendo vida e cor ao jardim.
  • Banana-de-Macaco – amplamente distribuída no Brasil, no Cerrado e Mata Atlântica, muito resistente, essa planta vai bem tanto em sol pleno quanto à sombra. Tolera ventos, geadas e consome pouca água, sendo ideal para jardins de baixa manutenção.
  • Adubos Orgânicos – sempre dê preferência aos adubos orgânicos, como o húmus de minhoca, que nutrem a terra de forma natural e sustentável.
  • Dica extra – tenha uma composteira em casa! Assim, é possível produzir o próprio adubo com resíduos orgânicos e contribui para a redução do lixo.

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