Um brinde a José

[flgallery id=2781 /]

A figura que mais me encanta no Natal é José. Acho incrível que José aceitou a história de Maria. Um anjo veio e disse que ela teria um filho de Deus. Ela então conta para José e José acredita, aceita e acolhe. Cria o menino como seu, corre riscos por ele, ama e educa. O carpinteiro José, discreto e humilde. Que homem. Admiro e sinto-me muito pequeno diante da lembrança dele.

Imagina hoje, um José, quantos existem? O menino Jesus, pequenino ainda, um belo dia some e quando o encontram está lá conversando com os rabinos. Bronca? Castigo? Nada. O bom e velho José aceita e acolhe. Ele é uma Constituição, com fundamentos e princípios claros de como criar um salvador. E assim chegou Jesus à vida adulta. E foi para o sacrifício. E é principalmente nesse momento que a minha fantasia diverge da fantasia comum. 

Esse Jesus que brigou com os vendilhões do templo, enfrentou as autoridades religiosas,  aceitou as acusações injustas, o sofrimento físico e a morte na cruz, era assim porque era o filho que José criou, com firmeza de caráter, determinação de ideias, coragem de assumi-las e sustentá-las. Pois quem mais deu um exemplo desses a Jesus? Deus, distante e ambíguo, incapaz de um tete a tete direto com Maria, a ponto de mandar um mensageiro para uma decisão tão fundamental? Não. José, esse sim foi o macho da porra que deveria ser lembrado e celebrado como o modelo do homem que compõe, agrega, aceita e assume o amor da mãe – a Maria que gerou o menino que foi salvo por José, rápido no gatilho, que soube que deveria fugir quando o rei maluco queria matar todos os primogênitos. Poderia ter aí, José, testado o Deus fecundador. 

Ora, se é Deus, por que sou eu, o carpinteiro, que tenho de fugir, correr riscos, dormir ao relento, ver minha esposa dar a luz em meio aos bichos, para salvar o filho que nem é meu? Mas José não entrou nessa discussão cheia de testosterona com o Pai celestial. Fez a parte dele. E sem cobrar crédito ou reivindicar privilégios. Fez e pronto.

Nasceu o menino Jesus, bonitinho, moreninho, os cabelos e olhos negros como os do lugar, o choro de criança saudável, logo buscando o seio materno, o amor materno. O pai, sabe Deus onde estava. Mas José estava ali, ao alcance da mão. Esse José eu brindo no Natal. Sem ele, não haveria Jesus. Ou haveria. Mas não seria amoroso e cheio de compaixão. Jesus teve com quem aprender. E aprendeu. Mazal Tov.

*Daniel Medeiros é doutor em Educação Histórica pela UFPR e professor de História no Curso Positivo.

Share:

Latest posts

Envato
Como aproveitar ao máximo os benefícios do Saeb
3161c-20191107-00094 (1)
Inovações fortalecem segurança nos canteiros de obras
3704C-20220203-0089 (1) (1)
Construtora Yticon celebra 15 anos e anuncia novidades

Sign up for our newsletter

Acompanhe nossas redes

related articles

Envato
Como aproveitar ao máximo os benefícios do Saeb
Avaliação bienal é fundamental para definir políticas públicas e melhorar qualidade do ensino no Brasil;...
Saiba mais >
3161c-20191107-00094 (1)
Inovações fortalecem segurança nos canteiros de obras
Construtora integra treinamentos, tecnologia e programa de inovação; pesquisa aponta que construção civil...
Saiba mais >
3704C-20220203-0089 (1) (1)
Construtora Yticon celebra 15 anos e anuncia novidades
Desde 2009, foram mais de 700 mil m² construídos e mais de 40 lançamentos entre os estados de SP e PR Fundada...
Saiba mais >
IMG-20211220-WA0039 - 2-
Gerando Falcões: Multinacional renova parceria com projeto que ampara mais de 490 famílias
Valmet intensifica apoio a projeto inclusivo com mais de 50 atividades de lazer, esporte, cultura, qualificação...
Saiba mais >